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Mulher ao volante: o perigo é o preconceito

Pesquisa feita pelo Detran revelou que 30% das habilitações do Ceará são do sexo feminino

Relatos de preconceitos sofridos por mulheres são constantes. Mesmo depois de anos de luta, os direitos entre homens e mulheres não são iguais. Em contrapartida, é visível que a figura feminina começa a aparecer em cenários que antes eram predominados somente por homens, como, por exemplo, diante do volante.

O preconceito em relação à “direção” começa muito tempo antes da mulher tirar a habilitação: já pode ser percebido desde a infância, quando à menina são mostrados brinquedos que não envolvem carros e, se envolvem, a mulher nunca está como motorista e sim como passageira. Nesse contexto, a marca automobilística Chevrolet, em 2015, fez uma campanha no Dia Internacional da Mulher, com o objetivo de discutir e desconstruir o preconceito de que carros são somente para homens, assim como brincar de carrinhos não é somente de meninos. A campanha mostrou para a sociedade que homens e mulheres podem, sim, dividir o querer dirigir ou brincar de carrinhos.

Apenas 30% das habilitações do estado do Ceará são de muheres (Reprodução Internet)

Após ficar desempregada no ramo de corretagem de seguros, foi ao volante que Jacinta Barbosa, 54, motorista de Uber, encontrou um jeito de completar a renda familiar. Ela acredita que o preconceito contra a mulher ao volante ainda é muito elevado, principalmente quando vem do mesmo sexo, com a velha frase “mulher ao volante perigo constante”. Sobre a frase, ela diz que “costuma-se ouvir isso em qualquer circunstância. Por questão de machismo! Mas não ligo, porque tenho 32 anos de habilitação, sem nenhum envolvimento em acidente”. Ela revelou que já ouviu isso de outras mulheres e que não apoia: “quando você escuta uma mulher falando ‘mulher ao volante perigo constante’, para ela pode ser brincadeira, mas isso só reforça o preconceito e dá liberdade para que outras venham ‘brincar’ com a gente”.


Um destaque nesse meio foi um grupo de mulheres cearenses que se juntaram e formaram a “Central de Táxi Amigo” somente para mulheres. A iniciativa foi criada em 2016, com o intuito de ajudar as mulheres a não terem que passar por situações constrangedoras e de assédios. Outro caso similar foi do aplicativo móvel 99 táxis, que atua com taxistas e motoristas particulares, e que começou a fornecer, nos estados de São Paulo e Rio de Janeiro, a ala “táxi rosa”. A medida faz alusão ao “vagão rosa”, que é exclusivo para mulheres no metrô de algumas cidades do Brasil. O serviço é feito somente por mulheres, e o objetivo é trazer mais tranquilidade.


“Um serviço só para mulheres? Isso é muito bom! Deixa a gente mais tranquila ao ver que é outra mulher dirigindo e que não vamos passar por gracinhas em algum momento da viagem” afirmou Jacinta ao saber da notícia. Muitas mulheres têm medo de pegar corridas de táxi por não conhecer quem está do seu lado. Ao ser questionada se algum passageiro, ou colega de profissão, já deu alguma “cantada”, ela admitiu que: “sim, mas trabalho com profissionalismo e foco, portanto procuro não dar a menor importância”.

 

“Costuma-se ouvir isso em qualquer circunstância. Por questão de machismo!”

Jacinta Barbosa, 54

 

A frase “mulher ao volante, perigo constante” pode transmitir a expectativa de que, pelas estatísticas, o número de mulheres seja maior que o de homens em acidentes ou em envolvimentos de acidentes não fatais, mas isso não é verdade. A mulher ao volante tem segurança redobrada enquanto o homem nem sempre tem. Já no Ceará, segundo o Departamento Estadual de Trânsito do Ceará, Detran-CE, as estatísticas de acidentes envolvendo mulheres no trânsito são divididas em dois: acidentes fatais e não fatais. Até agosto de 2016, o envolvimento de mulheres em acidentes fatais era de 202 vítimas, registrando cerca de 14% do total. Já a estatística de acidentes não fatais fica em cerca de 15% do total. Em relações às estatísticas de homens envolvidos em acidentes o número triplica.


Jacinta Barbosa é motorista de Uber e possui habilitação há 32 anos (Foto:Reprodução/Internet)

Outro dado importante é resultado de uma pesquisa feita pelo Detran-CE, quando foi constatado que das 1,9 milhões de habilitações do estado, só 582 mil habilitações são de mulheres, totalizando cerca de 30% das habilitações do Ceará. Na última pesquisa feita pelo Departamento Nacional de Trânsito (Denatran), a quantidade de habilitações para mulheres no Brasil fica de 25% a 30%. Já por parte do Sindicato dos Taxistas de Fortaleza, Sinditaxi, um levantamento aponta que a porcentagem de mulheres na frota de táxi é de 10% de um total de 4.930 taxistas na cidade.


Em pleno Século 21 ainda se percebe a lentidão com que o preconceito é descontruído, em sua essência, na sociedade. A luta pelos direitos das mulheres tem sido fundamental para que as futuras gerações não sofram com uma sociedade patriarcal e machista. Hoje em dia é possível ver mulheres, além de motoristas, ocupando vários espaços que antigamente eram de homens. São mulheres na política, empresárias, professoras, pilotas de avião e até de carros da fórmula 1, entre outras profissões. Não há espaço para um sexo, o direto de igualdade é para todos.

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